fiesta del invierno.

Era a noite mais fria do ano. Aquele ar gélido e seco tomava conta do apartamento 201, daquele conhecido prédio da Freire Alemão. Após algumas tentativas frustradas de acender a estufa a gás, chegou-se a conclusão mesmo que o melhor era aquecer-se com o bom vinho que era oferecido em grande quantidade naquela noite especial. O pessoal levou a sério a idéia de usar o vinho pra se esquentar, e logo os resultados puderam ser vistos. O fondue de queijo tinha sido cuidadosamente preparado, embora não parecesse muito atraente, o que fez com que sobrasse quase todo. Já o fondue de chocolate, servido logo depois, chamou a atenção de todos, e em seguida terminou.
As pessoas eram tantas que pareciam não caber naquele apartamento, espalhavam-se pela sala, cozinha e quarto...até banheiro. No quarto chegaram a ter 14 pessoas deitadas na cama ao mesmo tempo, vendo pornografia na televisão ( isso quando não fizeram a cama de palco, para ensinar coreografias de Porto Seguro, pro pessoal enfileirado no chão ). Na cozinha, as brigas eram pelas garrafas de vodka, e pelo uso do liquidificador para o preparo de batidinhas. Já a sacada era o refúgio dos fumantes que se arriscavam no frio daquela noite. E, por fim, a sala que oferecia um show de atrações, literalmente.
A sala de estar tinha salgadinhos por todos os cantos, desde o chão até pelo meio dos sofás (por entre as almofadas). Haviam pessoas jogadas nos sofás já sem saber direito o que se passava, e outras continuavam a beber (inclusive, escondendo as garrafas de vinho para deleite exclusivo). Maníacos contavam histórias de suas aventuras com prostitutas em motéis de quinta categoria para as câmeras que registravam a festança. Outros dançavam enlouquecidamente e até faziam-se de strippers. Com certeza a coisa que mais se via eram pessoas sorrindo com os dentes roxos devido ao vinho tinto.
A noite estava tomando direções insanas, afinal as pessoas pareciam não ter controle. Onde tudo aquilo iria parar ? BUM ! A cama quebrou. Teve gente virando pratos na sala. Copos quebrados. O caos. Mas as pessoas pareciam não se abalar, e continuavam no clima de festa. A câmera registrou todos os momentos. As horas passavam...Meia-noite, uma hora...quatro horas...6 horas...ainda havia gente...O último convidado saiu as 09:30 da manhã. E a anfitriã, após fechar a porta, caminhou no meio da bagunça, tentou arranjar um espaço confortável na cama quebrada e se enfiou embaixo das cobertas caindo no sono e sonhando ansiosa com a próxima ocasião que reuniria os amigos em sua casa.


NOTA IMPORTANTE: todos os fatos do conto são verídicos e ocorreram há EXATOS 2 anos atrás, as identidades foram mantidas em sigilo para não constranger os respectivos citados.